Publicado 06/04/2022 18:57 | Atualizado 06/04/2022 20:14
Belo Horizonte - O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Militar de Minas Gerais realizaram nesta quarta-feira (6) a Operação Camaleão com o objetivo de desarticular uma quadrilha especializada em um golpe que têm se tornado comum no país. Usando fotos e informações pessoais das vítimas, os criminosos criavam novas contas no aplicativo WhatsApp para pedir dinheiro a familiares e amigos. Apesar de usarem números de celulares diferentes, a tática é eficaz e permite que eles fizessem vítimas diariamente.
Foram presas preventivamente sete pessoas, todas abordados em casa, em Cuiabá ou em cidades do entorno. A operação, que contou com o apoio do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e das polícias Civil e Militar do mesmo estado, cumpriu 12 mandados de busca e apreensão.
Segundo Mauro Ellovitch, promotor de Justiça à frente da Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos do MPMG, os dados usados pelos golpistas são obtidos a partir de fontes não oficiais. Ele disse que podem ter sido até mesmo comprados na dark web, servidores de rede disponíveis na internet que são acessíveis somente por meio de ferramentas específicas que garantem um elevado nível de anonimato.
"Eles utilizavam esses dados para ludibriar familiares e cometer estelionato. O integrante dessa organização pegava os dados de uma pessoa e se fazia passar por ela para ludibriar uma mãe, um pai. Alegavam que precisaram trocar o número de telefone e solicitavam dinheiro, principalmente por meio de uma transferência PIX", explicou Ellovitch.
O promotor disse que, nessa modalidade de crime, não há hackeamento ou clonagem do celular da vítima. Por essa razão, os usuários do WhatsApp não devem confiar apenas na foto do perfil e devem sempre desconfiar se houver pedido de transferência de dinheiro a partir de um número do telefone diferente do conhecido. Apenas na casa de um dos presos, foram apreendidos 58 chips de celular.
As investigações de inteligência, que estavam em curso desde o ano passado, revelaram que a quadrilha atuava de forma estruturada e constante, com claras divisões de funções. "Havia um núcleo operacional responsável por obter os dados, habilitar os chips e abordar as vítimas. E havia um outro núcleo, responsável por disponibilizar contas e chaves PIX para serem utilizadas nos crimes e depois retirar o dinheiro dessas contas de modo a evitar bloqueios", disse Ellovitch.
Estimativas apontam que R$ 10 mil por dia útil era movimentado pela organização. Considerando o tempo de atuação, foi pedido o bloqueio judicial de R$ 1,8 milhão para fins de ressarcimento das vítimas e reparação dos danos causados.
Os presos serão denunciados de acordo com a função que desempenhavam na quadrilha. Entre os crimes identificados, estão organização criminosa, estelionato mediante fraude eletrônica, falsa identidade e lavagem de dinheiro. As penas para os que estiverem envolvidos em todos eles podem superar 30 anos de reclusão.
Segundo o MPMG e a PMMG, trata-se de uma ação pioneira no país. "Isso pode se ampliar, e deve se ampliar ainda mais. Acreditamos que seja o primeiro exemplo a ser seguido em todo o país, para que façamos um combate mais direto a essa modalidade criminosa", disse a major Layla Brunnela, porta-voz da PMMG.
Ela disse que quase todo mundo conhece alguém que já foi alvo de uma tentativa desse tipo de golpe, e orienta que as vítimas registrem os casos e apresentem detalhes que possam ajudar em novas operações de sucesso. Inclusive os prints da tela do celular, com o conteúdo da conversa, são materiais considerados importantes, recomendou.
Investigação
Foram presas preventivamente sete pessoas, todas abordados em casa, em Cuiabá ou em cidades do entorno. A operação, que contou com o apoio do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e das polícias Civil e Militar do mesmo estado, cumpriu 12 mandados de busca e apreensão.
Segundo Mauro Ellovitch, promotor de Justiça à frente da Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos do MPMG, os dados usados pelos golpistas são obtidos a partir de fontes não oficiais. Ele disse que podem ter sido até mesmo comprados na dark web, servidores de rede disponíveis na internet que são acessíveis somente por meio de ferramentas específicas que garantem um elevado nível de anonimato.
"Eles utilizavam esses dados para ludibriar familiares e cometer estelionato. O integrante dessa organização pegava os dados de uma pessoa e se fazia passar por ela para ludibriar uma mãe, um pai. Alegavam que precisaram trocar o número de telefone e solicitavam dinheiro, principalmente por meio de uma transferência PIX", explicou Ellovitch.
O promotor disse que, nessa modalidade de crime, não há hackeamento ou clonagem do celular da vítima. Por essa razão, os usuários do WhatsApp não devem confiar apenas na foto do perfil e devem sempre desconfiar se houver pedido de transferência de dinheiro a partir de um número do telefone diferente do conhecido. Apenas na casa de um dos presos, foram apreendidos 58 chips de celular.
As investigações de inteligência, que estavam em curso desde o ano passado, revelaram que a quadrilha atuava de forma estruturada e constante, com claras divisões de funções. "Havia um núcleo operacional responsável por obter os dados, habilitar os chips e abordar as vítimas. E havia um outro núcleo, responsável por disponibilizar contas e chaves PIX para serem utilizadas nos crimes e depois retirar o dinheiro dessas contas de modo a evitar bloqueios", disse Ellovitch.
Estimativas apontam que R$ 10 mil por dia útil era movimentado pela organização. Considerando o tempo de atuação, foi pedido o bloqueio judicial de R$ 1,8 milhão para fins de ressarcimento das vítimas e reparação dos danos causados.
Os presos serão denunciados de acordo com a função que desempenhavam na quadrilha. Entre os crimes identificados, estão organização criminosa, estelionato mediante fraude eletrônica, falsa identidade e lavagem de dinheiro. As penas para os que estiverem envolvidos em todos eles podem superar 30 anos de reclusão.
Segundo o MPMG e a PMMG, trata-se de uma ação pioneira no país. "Isso pode se ampliar, e deve se ampliar ainda mais. Acreditamos que seja o primeiro exemplo a ser seguido em todo o país, para que façamos um combate mais direto a essa modalidade criminosa", disse a major Layla Brunnela, porta-voz da PMMG.
Ela disse que quase todo mundo conhece alguém que já foi alvo de uma tentativa desse tipo de golpe, e orienta que as vítimas registrem os casos e apresentem detalhes que possam ajudar em novas operações de sucesso. Inclusive os prints da tela do celular, com o conteúdo da conversa, são materiais considerados importantes, recomendou.
Investigação
As investigações do MPMG foram estimuladas pela representação de aproximadamente 40 vítimas que residem em cidades mineiras. Os trabalhos mostraram, no entanto, que a quadrilha estava sediada em Mato Grosso e tentou dar o golpe em pessoas de, pelo menos, outros 15 estados. Ainda assim, o caso deverá ser julgado na Justiça mineira.
"Crimes de estelionato mediante depósito têm a competência fixada no domicílio da vítima, inclusive para facilitar o acesso à Justiça. Como as vítimas que nos procuraram eram do estado de Minas Gerais, a competência do julgamento desse caso é do estado de Minas Gerais, ainda que os autores do crime sejam de outras comarcas", explicou Mauro Ellovitch.
Novas denúncias envolvendo esse tipo de golpe também podem acabar sendo encaminhados à Justiça mineira. "Em caso de crimes conexos, a competência é fixada por prevenção", disse o promotor.
Apesar do protagonismo do MPMG e da PMMG na investigação, o promotor ressalta que a execução da operação só foi possível pela cooperação dos promotores e policiais de Mato Grosso. O promotor reitera que tudo começa com a disposição das vítimas em denunciar.
"É trabalhoso, mas é uma investigação possível. No imaginário das pessoas, há essa ideia de que é impossível apurar esse tipo de crime e que não vai dar em nada. Mas com um trabalho de investigação técnico e dedicado, podemos identificar os rastros digitais que esse tipo de golpe deixa", disse Ellovitch.
"Crimes de estelionato mediante depósito têm a competência fixada no domicílio da vítima, inclusive para facilitar o acesso à Justiça. Como as vítimas que nos procuraram eram do estado de Minas Gerais, a competência do julgamento desse caso é do estado de Minas Gerais, ainda que os autores do crime sejam de outras comarcas", explicou Mauro Ellovitch.
Novas denúncias envolvendo esse tipo de golpe também podem acabar sendo encaminhados à Justiça mineira. "Em caso de crimes conexos, a competência é fixada por prevenção", disse o promotor.
Apesar do protagonismo do MPMG e da PMMG na investigação, o promotor ressalta que a execução da operação só foi possível pela cooperação dos promotores e policiais de Mato Grosso. O promotor reitera que tudo começa com a disposição das vítimas em denunciar.
"É trabalhoso, mas é uma investigação possível. No imaginário das pessoas, há essa ideia de que é impossível apurar esse tipo de crime e que não vai dar em nada. Mas com um trabalho de investigação técnico e dedicado, podemos identificar os rastros digitais que esse tipo de golpe deixa", disse Ellovitch.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.